Quem sou eu

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Professora, amiga, filha, esposa, mulher e agora: MÃE! Amo a vida e desfruto de tudo que ela me oferece com paixão! Gosto do sol, do mar,da chuva, da terra... Rabisco aqui alguns sonhos e realidades, alguns momentos de verdade com um pouco de poesia e saudade!
"Sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só... Mas sonho que se sonha junto é realidade"!
R. Seixas

terça-feira, 23 de março de 2010

Natureza bela...

O Lixo

Encontram-se na área de serviço. Cada um com seu pacote de lixo. É a primeira vez que se falam.

- Bom dia...
- Bom dia.
- A senhora é do 610.
- E o senhor do 612
- É.
- Eu ainda não lhe conhecia pessoalmente...
- Pois é...
- Desculpe a minha indiscrição, mas tenho visto o seu lixo...
- O meu quê?
- O seu lixo.
- Ah...
- Reparei que nunca é muito. Sua família deve ser pequena...
- Na verdade sou só eu.
- Mmmm. Notei também que o senhor usa muito comida em lata.
- É que eu tenho que fazer minha própria comida. E como não sei cozinhar...
- Entendo.
- A senhora também...
- Me chame de você.
- Você também perdoe a minha indiscrição, mas tenho visto alguns restos de comida em seu lixo. Champignons, coisas assim...
- É que eu gosto muito de cozinhar. Fazer pratos diferentes. Mas, como moro sozinha, às vezes sobra...

- A senhora... Você não tem família?
- Tenho, mas não aqui.
- No Espírito Santo.
- Como é que você sabe?
- Vejo uns envelopes no seu lixo. Do Espírito Santo.
- É. Mamãe escreve todas as semanas.
- Ela é professora?
- Isso é incrível! Como foi que você adivinhou?
- Pela letra no envelope. Achei que era letra de professora.

- O senhor não recebe muitas cartas. A julgar pelo seu lixo.
- Pois é...
- No outro dia tinha um envelope de telegrama amassado.
- É.
- Más notícias?
- Meu pai. Morreu.
- Sinto muito.
- Ele já estava bem velhinho. Lá no Sul. Há tempos não nos víamos.
- Foi por isso que você recomeçou a fumar?
- Como é que você sabe?
- De um dia para o outro começaram a aparecer carteiras de cigarro amassadas no seu lixo.
- É verdade. Mas consegui parar outra vez.
- Eu, graças a Deus, nunca fumei.
- Eu sei. Mas tenho visto uns vidrinhos de comprimido no seu lixo...

- Tranqüilizantes. Foi uma fase. Já passou.
- Você brigou com o namorado, certo?
- Isso você também descobriu no lixo?
- Primeiro o buquê de flores, com o cartãozinho, jogado fora. Depois, muito lenço de papel.
- É, chorei bastante, mas já passou.
- Mas hoje ainda tem uns lencinhos...
- É que eu estou com um pouco de coriza.
- Ah.

- Vejo muita revista de palavras cruzadas no seu lixo.
- É. Sim. Bem. Eu fico muito em casa. Não saio muito. Sabe como é.
- Namorada?
- Não.
- Mas há uns dias tinha uma fotografia de mulher no seu lixo. Até bonitinha.
- Eu estava limpando umas gavetas. Coisa antiga.
- Você não rasgou a fotografia. Isso significa que, no fundo, você quer que ela volte.
- Você já está analisando o meu lixo!
- Não posso negar que o seu lixo me interessou.

- Engraçado. Quando examinei o seu lixo, decidi que gostaria de conhecê-la. Acho que foi a poesia.
- Não! Você viu meus poemas?
- Vi e gostei muito.
- Mas são muito ruins!
- Se você achasse eles ruins mesmo, teria rasgado. Eles só estavam dobrados.
- Se eu soubesse que você ia ler...
- Só não fiquei com eles porque, afinal, estaria roubando. Se bem que, não sei: o lixo da pessoa ainda é propriedade dela?
- Acho que não. Lixo é domínio público.

- Você tem razão. Através do lixo, o particular se torna público. O que sobra da nossa vida privada se integra com a sobra dos outros. O lixo é comunitário. É a nossa parte mais social. Será isso?
- Bom, aí você já está indo fundo demais no lixo. Acho que...
- Ontem, no seu lixo...
- O quê?
- Me enganei, ou eram cascas de camarão?
- Acertou. Comprei uns camarões graúdos e descasquei.
- Eu adoro camarão.
- Descasquei, mas ainda não comi. Quem sabe a gente pode...
- Jantar juntos?
- É.
- Não quero dar trabalho.
- Trabalho nenhum.
- Vai sujar a sua cozinha?
- Nada. Num instante se limpa tudo e põe os restos fora.- No seu lixo ou no meu?
Luís Fernando Veríssimo

quinta-feira, 4 de março de 2010

Óbvio

Chegou a hora,


Quero ver-te sem demora!

O Crepúsculo é mais doce do que a aurora!

Dos seus sonhos você me diz que sou senhora...

O meu corpo lhe implora:

Venha até mim agora!

Sua ausência me apavora!

Minha alma de tristeza chora!

Sem você não há vitória!

                                      Amanda Giovanelli

Mais uma de amor...

Amor é melado, é grande e estrelado


Nosso encontro segue ao entardecer

O beijo é doce, vermelho, estalado

O sol nasce, e nos deixamos morrer



Você me olha, e agora¿

O tempo é implacável

Já é aurora¿

Você esvai insaciável



Juntos o tempo voou

É hora de pegar o rumo

Foi bom enquanto durou

Até o próximo turno

Noturno...

Quando os amores dialetam

Os sonhos se completam

E os instintos se libertam...

                            Amanda Giovanelli

Folia

     Fevereiro é o mês, com o carnaval o Brasil para! É hora e a vez de muita folia! Do trabalhador detentor de um rico salário mínimo, economizado durante o ano todo anterior, comprar sua bela fantasia de carnaval! Uma fantasia que custou toda a economia do cofrinho e o dinheiro da emergência médica (o S.U.S. está aí para isso!); mas que será muito bem aproveitado durante uma hora e meia de uma noite de carnaval! Oras! Isso é Brasil! E mais vale um gosto do que dinheiro no bolso!


    Atualmente, o banco de Boston fez uma pesquisa para entender por que o projeto econômico proposto deu certo em todos os lugares por onde passou e foi falho na Bahia.
    A resposta foi muito clara: o baiano está mais preocupado com o bem-estar próprio do que em servir ao próximo. Portanto, não importa se tem vinte pessoas para serem atendidas num restaurante, no ritmo baiano, se ele der conta de atender cinco, ele não vai se cansar nem se esforçar para atender mais e obter mais lucro. O relax dele vale mais.

    A grande questão é: será que o baiano está errado? Será que as pessoas devem se deixar levar assim pelo grande vulcão capitalista? É uma questão para se pensar... E avaliar.
    Quantas vezes forçamos nosso organismo a trabalhar e correr mais do que pode suportar?
    Tem hora que a gente se pergunta: pra que correr tanto? O que ganhamos com isso?
    Quando chega o óbito, a correria acaba, sabedoria materna!
                                                                                             Amanda Giovanelli

Iguais e tão desiguais... uns mais iguais que os outros...

“Há tantos quadros na parede


Há tantas formas de se ver o mesmo quadro

Há tanta gente pelas ruas

Há tantas ruas e nenhuma é igual a outra

(ninguém = ninguém)

(...)

São todos iguais e tão desiguais

uns mais iguais que os outros” (...)

                                            Engenheiros do Hawaii